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IMAGENS DO CALABOUÇO 

Projeto em Desenvolvimento

Direção: Carolina Aleixo

Produção: Terceira Margem (Br)

Produtoras: Ana Buchi e Beatriz Martins
Roteiro: Carolina Aleixo e Madiano Marcheti 

Pesquisa: Flora Thomson-DeVeaux

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Documentário | 90 min | Brasil

Formato: HD

Aspect Ratio: 1.85: 1

 

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Financiamento

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SAV/MINC/FSA Nº 10 / 2018 Desenvolvimento de Projetos - 200 anos da Independência

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Até o século XIX, o Brasil manteve uma instituição pública para prender e punir os escravos, conhecida como Calabouço. Esta instituição não existe mais, foi destruída e seus escombros foram soterrados no Rio de Janeiro. No entanto, as reverberações das práticas ali empregadas ainda permanecem bastante vivas e em funcionamento no sistema prisional brasileiro contemporâneo  A partir dos vestígios remanescentes, a memória do calabouço pode ser desenterrada.

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Nota da diretora
 

A minha história pessoal é repleta de fluxos migratórios. Depois de ter vivido em muitos lugares pelo Brasil, minha mãe acabou por se assentar no Centro do Rio de Janeiro, na região conhecida como Pequena África. Durante a minha infância, meu pai costumava me levar para explorar aquele bairro onde vivíamos, às margens da Baía de Guanabara. Ele me contava sobre a importância desse lugar para a história da cidade e sobre o papel de nós, pessoas negras, para a construção e a vida da nossa cidade. Com o tempo, fui percebendo que várias histórias que meu pai me contava não eram as mesmas que aprendia na escola. Andando por suas ruas, fui descobrindo que o Rio de Janeiro é uma cidade que tem como prática enterrar (literalmente) parte importante de suas memórias. Em uma tentativa recorrente de apresentar ao mundo a sua fábula de cidade maravilhosa, busca mascarar o lado mais sombrio da sua história. O Calabouço, instituição epítome da crueldade da sociedade colonial brasileira, é um desses pedaços da cidade que foram enterrados. Sem as evidências físicas da existência do Calabouço, ele passa a ser, então, um assunto desconhecido do Calabouço nunca tivesse existido (mecanismo de apagamento). No entanto, as práticas violentas que ali aconteciam encontraram maneiras de se perpetuar. 

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Aprendi nas caminhadas com o meu pai a ouvir as histórias que insistentemente brotam do chão da cidade, que vem na brisa do mar, que cantamos nos sambas e que os nossos corpos contam ao dançar. Nem sempre são histórias fáceis de ouvir, mas elas precisam ser contadas. E por isso Imagens do Calabouço é um filme que precisa existir.

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